Palavras Transgénicas

Porque as palavras são o que o Homem quiser

Friday, June 29, 2007

Acabou-se.

Thursday, June 28, 2007

A Pequena Fada das Colinas Verdes

Há muitos, muitos anos, vivia sobre as colinas verdes uma fada. Era muito bonita, de cabelos da cor do fogo e olhos de esmeralda. Todos os dias a pequena fada sentava-se no topo do penhasco a contemplar o mar. Sabia de cor os seus caprichos, as suas cores e compreendia cada murmúrio das suas ondas. Ela apaixonara-se um dia pelo mar, oferecendo-lhe o seu coração, para nunca mais o ver desde então. E ao contemplar o mar, ela suplicava-lhe que o devolvesse.
Certa vez, o Príncipe das fadas passou no seu cavalo alado sob as colinas mais verdes do que o verde, e descobriu o brilho incandescente da pequena fada enquanto ela olhava o mar, perdida na sua mágoa. Nesse preciso instante em que a viu, o Príncipe apaixonou-se e foi como se um raio atingisse o seu coração.
Quando se aproximou para lhe oferecer o mundo, percebeu a grande mágoa que a dominava. E perguntou-lhe:
-O que te deixa tão triste, linda donzela dos cabelos de fogo?
-Oh, meu belo Príncipe! A maior das desgraças abateu-se sobre mim! Há muitos anos que me apaixonei pelo mar e há muitos anos ofereci-lhe o meu coração. Mas então não conhecia os seus caprichos e agora quero o meu coração de volta, mas ele não mo dá.
O coração do Príncipe chorou pela infelicidade da pequena fada, mas determinado a agradar aquela que amava mais do que as estrelas, prometeu-lhe trazer de volta o seu coração.
Desde então, todos os dias o jovem o Príncipe partia em busca do coração da fada e todos os dias regressava de mãos vazia, sendo obrigado a ver a mágoa crescente da sua bela fada e, assim, também ele se encontrava cada vez mais infeliz.
No entanto, todos os dias, quando regressava da sua busca incansável, o Príncipe de cabelos negros como a noite sentava-se junto da fada dos cabelos de fogo, e até a noite findar faziam companhia um ao outro. Ele confortava-a na sua infelicidade e ela aquecia o seu coração sem esperança.
Os anos foram passando e a pequena fada ansiava cada vez mais pelo momento em que ela e o Príncipe ficavam os dois ao luar, partilhando os pensamentos e o que restava das suas almas. E quando ele mergulhava ela perscrutava as águas procurando um vislumbre dos seus cabelos negros.
Até que um dia, quando a lua redonda começava a subir no horizonte, o belo Príncipe regressou do fundo mar. Vinha angustiado e desesperado, de olhos inquietos e perturbados. As suas mãos de novo voltavam vazias. Aproximou-se da fada e disse-lhe:
-Durante anos desci até às profundezas mais escuras e descobri todos os mistérios que o mar esconde. Mas nunca consegui encontrar o que mais desejava: o teu coração. Nada mais tenho a fazer no fundo do mar, pois nem mais 100 anos poderão aumentar o conhecimento que adquiri nestes últimos 100. É por isso que hoje te ofereço o meu coração, com esperança que o aceites e faças dele o que quiseres.
A fada comoveu-se com o amor do Príncipe e compreendeu que o amava. A brilhante fada confessou-lhe o seu amor e disse-lhe que de bom grado lhe daria o seu coração em troca, caso o mar não lho tivesse mantido fora do seu alcance. Apesar do sacrifício que isso significava, o Príncipe voltou a oferecer-lhe todo o seu coração e todo o seu amor, sujeitando-se a uma vida sem sentido.
Nesse momento, as estrelas tornaram-se mais brilhantes e do mar veio uma chama que os ofuscou aos dois. O mar devolvia assim o coração da fada. Ao recuperar o seu coração, a fada dos olhos de esmeralda não hesitou em oferecê-lo por sua vez ao belo Príncipe, que o aceitou ao mesmo tempo que ela aceitava o seu.
A pequena fada não mais voltou ao cimo do penhasco para contemplar o mar, excepto uma vez por ano, acompanhada pelo seu Príncipe, para agradecer a generosidade do mar, que, ao guardar o seu coração por tantos anos, o resguardara de qualquer mal e o impedira de sofrer mais por quem não o merecia.

Tuesday, June 19, 2007

Às 7 no café da esquina

Encontra-te comigo
Às 7 no café da esquina
Não tenhas medo
Vamos só à procura de um lugar melhor
Por isso bem vês que não pode ser pior
Traz apenas o teu riso
É dele que mais precisamos
O combóio sai às 8
Podemos ver a paisagem da janela
E será só o que faremos
Testemunharemos os reencontros
Daqueles que se amam
E guardaremos o amargo sabor da saudade
Cá bem dentro de nós
Subiremos a mais alta montanha
E desceremos até ao vale mais profundo
Provaremos os males do calor infernal
E gelaremos com o frio dos pólos
Teremos sede
E imploraremos por uma côdea
Andaremos 1000 km sem encontrar
Nem beleza ou hospitalidade
E correremos outros 1000
Por entre as paisagens mais encantadoras
E as pessoas mais amáveis
E voltaremos ao café da esquina
Onde pediremos um pastel de nata e uma laranjada
Pois só iremos encontrar o melhor
Onde víamos apenas o pior.

Coisas de que gosto

A magia de um caderno em branco
O cheiro do orvalho às 7 da manhã
Enterrar a mão num saco cheio de feijão
Andar so nas riscas brancas das passadeiras
Um diagelado e cheio de sol de Inverno
Um arco-íris gigante
Uma noite de vestidos compridos
Fazer bolas de sabão
Acender um fósforo
Sentir o vento na cara
Comer amoras silvestres lavadas na fonte
Rir por uma coisa parva
A lua laranja de Agosto
Soprar as plantas de algodão
Pôr o dedo na cera quente de uma vela
Rebolar na relva
Cantar "When I'm 64" em viagem
Dançar em pijama.

São algumas das coisas que gosto.