Palavras Transgénicas

Porque as palavras são o que o Homem quiser

Wednesday, May 23, 2007

O espelho partido

O espelho partiu-se. Aquilo que era um rosto bonito não é mais do que pedaços centrífugos que deixam perceber a beleza que era.
E agora? A su identidade estava perdida. Aquilo que os outros sabiam a seu respeito estava ali, à sua frente, destruído. A imagem sua que ele queria que o mundo guardasse, quebrada.
Como é que ía voltar a construir tudo de novo? O tempo passa tão depressa... É melhor colar os bocadinhos e preencher as falhas com vazio, ou é melhor comprar um espelho novo?
Não. Colar os cacos demoraria uma eternidade e uma eternidade não se pode perder a juntar pedaços para depois resultar apenas num reflexo do reflexo que foi. Tinha que comprar um novo.
Oh, mas qual escolher? Há tantos! Aquele simples sem moldura, o outro redondo, o que tem flores incrustadas? Ou o debroado a metal? Quem sabe um que durasse pouco... Mudar de espelho sabe tão bem...
Não. É melhor escolher o espelho mais resistente, o mais consistente e ao mesmo tempo o mais simples. É este mesmo. O desafio não é a mudança constante e desregrada. O desafio é a permanência consistente. E sempre reluzente.

0 Comments:

Post a Comment

Subscribe to Post Comments [Atom]

<< Home